Vista do Telescópio Espacial Hubble do ônibus espacial Atlantis, em imagem cedida pela NASA TV (Reuters)
14 de Maio de 2009 - 14:34
Irene Klotz
HOUSTON (Reuters) - Dois astronautas saíram do ônibus espacial Atlantis nesta quinta-feira e flutuaram no espaço para trabalhar sobre o Telescópio Espacial Hubble, observatório no espaço há 19 anos e que transformou a compreensão que os cientistas têm do universo.
Trajando grandes roupas espaciais pressurizadas, John Grunsfeld, de 50 anos, que já viajou cinco vezes no ônibus espacial, e seu parceiro novato Andrew Feustel, de 43, saíram do Atlantis pouco antes das 10h00 (horário de Brasília) para o primeiro de cinco passeios no espaço.
Os astronautas devem consertar o telescópio e instalar novos instrumentos que permitirão ao Hubble captar imagens de objetos formados em tempos tão distantes quanto 500 anos após o nascimento do universo.
"Isto é fantástico", disse Grunsfeld, membro de duas equipes anteriores que fizeram reparos e manutenção no Hubble. "Você vai amar isto, Drew", disse ele a Feustel.
O Atlantis decolou na segunda-feira levando sete astronautas para uma missão espacial de 11 dias.
O primeiro trabalho dos astronautas será substituir a câmera digital dos anos 1990 do telescópio por um aparelho mais moderno que é sensível à luz infravermelha e ultravioleta, além dos comprimentos de onda que o olho humano é capaz de detectar.
Os detectores de infravermelho são especialmente importantes para a obtenção de imagens muito distantes, cuja luz chega à Terra em comprimentos de onda mais longos, mais vermelhos, de modo semelhante à maneira como o som de um trem se distancia quando o trem vai se distanciando.
"Esta nova câmera promete enxergar mais para trás no tempo, mais perto do Big Bang, do que jamais pudemos enxergar até hoje", disse Grunsfeld em entrevista antes da decolagem do ônibus espacial.
Olhar longamente para os objetos mais distantes detectáveis é a primeira prioridade entre as tarefas do Hubble, assim que o observatório voltar a funcionar. Os alvos mais antigos que o Hubble já viu datam de 700 milhões de anos depois do Big Bang, a explosão que criou o universo há cerca de 13,7 bilhões de anos.
Grunsfeld, que é astrônomo, tem um projeto de pesquisa pendente com a nova câmera. Ele quer utilizar seus sensores ultravioletas para estudar uma cratera na lua, na esperança de encontrar minerais que possam ser úteis para expedições lunares futuras.
Grunsfeld e Feustel também devem substituir um computador chave que processa e formata informações recolhidas pelos instrumentos científicos do Hubble, para serem transmitidas para a Terra.
O computador deixou de funcionar em setembro, poucas semanas antes de a equipe de manutenção do Hubble estar programada para voar. A Nasa adiou a missão para que seus engenheiros pudessem preparar uma máquina substituta. Durante esse período, os operadores do telescópio passaram a usar um sistema de backup.
A Nasa quer deixar o Hubble com o máximo possível de equipamentos de reserva, na esperança de mantê-lo operacional pelo menos até 2014, quando está previsto que o telescópio que o irá substituir já esteja pronto para operar.
Fonte:
www.swissinfo.ch/(Suiça)
-