Número de usuários no Brasil deverá dobrar e vamos rir de velocidades de 100 Mbps.
O Brasil é famoso por ser o país das desigualdades. Problemas com distribuição de renda, saúde, educação assolam o desenvolvimento daquilo que é básico para o brasileiro. Quando partimos para a tecnologia, o cenário se agrava ainda mais. Basta pensar no número de pessoas com acesso a banda larga no país. De acordo com o Baromêtro de Banda Larga da Cisco e da IDC, fechamos 2008 com pouco menos de 10 milhões de usuários, ou 5,5% da população.
Mesmo assim, os nossos medidores de banda larga ainda consideram velocidades de 128 e 256 Kpbs como internet de alta velocidade, o que é questionável quando comparamos o Brasil a países como Estados Unidos e Japão. Pegando apenas as velocidades acima de 2 Mbps, caímos para pouco mais de 1 milhão de internautas, que têm acesso a uma velocidade realmente alta.
Este cenário, no entanto, deve sofrer uma boa modificação nos próximos anos. A começar pelo histórico: em 2001, o Brasil possuía 343 mil usuários de banda larga. O número subiu para 4,1 milhões em 2005 e deve chegar a 15 milhões em 2010. Isso de acordo com o Barômetro. Caso o país siga a linha de crescimento média dos últimos anos, deveremos chegar a 2015 com quase 30 milhões de usuários. Mas é bom contar com os prováveis crescimentos de tecnologias como WiMax e 4G (LTE), que multiplicariam esse número em incontáveis vezes.
Vamos rir de 100 Mbps
Outro fator é a velocidade. Muitas empresas de banda larga alegam que há tecnologia disponível para oferecer supervelocidades, mas que não há consumo, nem serviços que as demandem. “No Brasil ainda existe a cultura de que o consumidor não precisa de alta velocidade no seu acesso de internet. Vint Cerf – o evangelista chefe de internet do Google – diz que as restrições de capacidade de internet são apenas desculpas das telcos para espremer os clientes”, diz Eduardo Prado, consultor de telecomunicações, em artigo publicado no site Teleco.
Mas já há movimentos de diferentes empresas para oferecer acesso acima dos 10 Mbps. É o caso da Telefônica, que oferece um link de fibra óptica (FTTH) de 30 Mbps para usuários do Jardins, em São Paulo, e da Net, que oferece velocidade de 60 Mbps via cabo (Docsis 3.0) no Leblon, no Rio de Janeiro. Já a GVT, além de ter descontinuado planos com menos de 1 Mbps, está planejando iniciar uma pacote de 100 Mbps a partir do mês julho, para os locais onde a operadora atua.
O consultor lembra que boa parte das novidades tecnológicas que surgiram nos últimos tempos se apoiaram na banda larga e traça um cenário do que deveremos ter em breve. A residência pode ter o pai assistindo a uma partida ao vivo de futebol em HDTV; a filha fazendo download de um vídeo para ajudar na sua lição do colégio; o filho jogando em tempo real ou o avô conectado a carga de um vídeo médico ininterrupto para uma clínica de monitoração remota de saúde. Isso sem contar a tão comentada computação em nuvem. “Juntando todos estes usos, uma simples residência pode consumir facilmente 150 Mbps de banda larga com os serviços que já podemos imaginar hoje em dia. Acredito que em 2015 vamos rir de 100 Mbps”, diz.
1 Gbps no Japão
Só para ficarmos esperançosos com a infraestrutura de que dispõem alguns países: de acordo com o artigo publicado na Teleco, a tecnologia de fibra óptica estava disponível para 80% das residências do Japão e espera-se que ela alcance 90% das residências por volta de 2010. Além disso, a forte competição no Japão tem tornado comum a oferta de 1 Gbps e é esperado que ela aumente para 10 Gbps no ano que vem.
“A China resolveu trocar todos os seus projetos de ADSL para a tecnologia FTTH. Hong Kong já oferta a conectividade de 1 Gbps atualmente e Cingapura terá esta conectividade em metade do país por volta de 2012 e a na totalidade do país em 2015”, diz Prado. Ainda de acordo com o consultor, a maioria dos países da Europa já está perseguindo rapidamente velocidades de pelo menos 100 Mbps.
Em relação às tecnologias, Prado acredita que, em 2015, teremos fibra óptica (FTTH ou algo superior), cabo (Docsis 3.0 ou sua evolução), LTE e WiMax.
Fonte: Abril.com
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